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The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom

 


Um trailer com final inesperado

                Link, trajando um manto surrado e portando a espada da lenda, adentra determinado o covil do oponente. Ele enfrenta alguns inimigos no curto caminho, nada que ele não possa dar cabo como o de costume, até que finalmente, chegando à sala final, se depara com Zelda, a princesa de Hyrule, presa num cristal. Antes que o herói da saga possa libertá-la, Ganon, o portador da destruição em todas as eras, aparece e uma luta decisiva se dá início... assim como dezenas de vezes ocorrera no multiverso dos jogos de The Legend of Zelda.

                Nosso herói é, obviamente, o vencedor e Ganon é tragado novamente pelas sombras... entretanto, algo ocorre diferente do que deveria acontecer: a própria escuridão que devorou Ganon agora consome Link. Caindo nas trevas, sem forças para lutar contra a estranha energia, a única coisa que nosso herói pode fazer é garantir que Zelda termine seu caminho sã e salva. Ele saca seu arco e dispara uma flecha certeira no cristal que aprisionava a princesa antes de ser completamente inundado pela sombra. 


 

                Agora somos Zelda e interagimos no jogo afim de se libertar do cristal e, posteriormente, correr desesperadamente em fuga enquanto o covil de Ganon está sendo completamente dominado pela mancha escura que se espalha como uma profunda raiz em todos os lugares. Felizmente, Zelda consegue sair a tempo e agora, o mundo que deveria estar livre da presença do tirano, agora sofre com o repentino surgimento de fendas escuras. Sem o herói da lenda, agora a voz da sabedoria deve trazer a cura para o mundo de Hyrule... assim começa The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom.

                Este pequeno trecho foi apresentado durante a Nintendo Direct e impressionou a todos por colocar a princesa de Hyrule como a protagonista de sua própria lenda pela primeiríssima vez (embora ela já tenha participado de diversos spin offs, como Hyryle Warriors e o próprio Super Smash Bros.). Echoes of Wisdom possui a mesma estética e gráficos do port de Link’s Awakening lançado para o Switch, e que introduziu uma formulação 3D para os clássicos jogos de The Legend of Zelda dos portáteis da Nintendo (Link’s Awakening, Oracles of Ages/Seasons,  Minish Cap, etc.).

                The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom está totalmente localizado em português do Brasil, prática que está se tornando comum nos jogos da empresa neste último ano (já era tempo).

As fendas do escuro e a mecânica de ecos

                Dois importantes elementos são responsáveis pelo gameplay de Echoes of Wisdom. O primeiro deles são as fendas. Apertando um botão de acesso ao mapa que vai sendo atualizado conforme a exploração do jogador, descobrimos que Hyrule tem grandes manchas negras espalhadas pelo mundo. Essas fendas apareceram repentinamente após a destruição de Ganon e parecem estar crescendo e contaminando os quatro cantos, afetando a vida dos inúmeros nativos.

                Logo no início do jogo, após reconhecer que as sombras advindas das fendas são capazes de se passar por personagens reais, Zelda conhece Tri, uma pequena esfera luminosa com uma cauda feita de rastros triangulares (o símbolo da triforce). A pequena aliada recruta a princesa para dar um fim às fendas que devoraram o povo de sua raça e que agora pretende afundar Hyrule em trevas. Tri concede à Zelda o poder de criar ecos, o elemento mais importante do jogo e o responsável por tornar a jogatina de Echoes of Wisdom única e divertida.


                Através de um comando, Zelda é capaz de copiar elementos ou inimigos que rondam Hyrule e armazenar seus ecos em uma vasta lista de possibilidades para invocá-los sempre que quiser. Assim, a princesa pode gravar em seu acervo objetos quaisquer como um caixote, uma cama ou uma árvore, até monstros que serão invocados para deter outros monstros. Esse sistema acaba concedendo ao jogo um tom de liberdade criativa que poucos jogos no estilo oferecem.

                Os ecos serão utilizados para solucionar puzzles e ter um acervo grandioso destes acaba sendo ideal para avançar no jogo. Por exemplo, ao invocar o eco de um caixote, Zelda poderá projetar uma escadaria destes itens afim de alcançar determinada região; ao invocar o eco de uma cama, Zelda pode tirar uma longa soneca para recuperar vida; ao invocar o eco de um ventilador, é possível apagar incêndio e afastar inimigos; invocando várias vezes um corvo, é possível lançar um exército destes para deter certos inimigos longe do alcance e assim por diante.

                Devido a quantidade inúmera de possibilidades de ecos, o jogador pode esbanjar sua própria criatividade encontrando saídas e solucionando puzzles, fazer isso e ver dar certo é uma das melhores sensações que este jogo pode trazer. É muito comum, por exemplo, que dois jogadores solucionem o mesmo puzzle de formas completamente diferentes e é isso o que torna a jogabilidade de Echoes of Wisdom inovadora.

                Conforme o avanço do jogo, maior quantidade de ecoes podem ser invocados (aumentando o rastro de triângulos na cauda de Tri).

O padrão de exploração real da franquia Zelda

                Inegável afirmar que a franquia The Legend of Zelda foi a precursora de todos os jogos de mundo aberto. Mesmo desde a época do Nintendinho, a ideia de prosseguir por qualquer lugar afim de explorar o mapa e encontrar seu próprio caminho foi uma pretensão de Shigeru Miyamoto (gênio da indústria de videogames, responsável por emplacar a maioria dos ícones da Nintendo, como Zelda, Mario e Donkey Kong). Em The Legend of Zelda: Ocarina of Time, a franquia ensinou ao mundo dos videogames como trabalhar em um mundo aberto 3D e deu início a revolução dos jogos do gênero; por fim, em Breath of Wild, quando já não se podia imaginar uma evolução no esquema de jogos de mundo aberto, a ideia de completa liberdade de exploração foi criada e a franquia continuou a ser o exemplo inovador a ser seguido pela indústria (é extremamente comum notar influências de Breath of Wild nos jogos contemporâneos).

Clássico. Volvagia de Ocarina of Time

                Aparentemente, The Legend of Zelda abraçou essa liberdade de exploração com unhas e dentes e Echoes of Wisdom é um exemplo de jogo em que você pode começar sua jornada andando para qualquer lugar sem medo de errar o caminho e confrontar algo muito acima de suas capacidades. Uma viagem, para qualquer lugar, até para os confins do mapa, é SEMPRE muito bem recompensada. Sempre existe algo novo a ser encontrado. Sua jornada nunca te levará a um caminho desnecessário, há sempre algo a fazer, há sempre um novo eco para absorver, há sempre atalhos que se podem tomar. Isso torna a exploração minuciosa deste jogo algo REALMENTE prazeroso.        

Além dos ecos

                The Legend of Zelda: Echoes of the Wisdom carrega um interessante design de jogabilidade tão eficaz quanto Breath of Wild ou Tears of the Kingdom foram. Se o jogador toma um caminho, ele rapidamente é fisgado a tentar seguir esse caminho até o fim e o melhor disso é que essa curiosidade é frequentemente recompensada. Colecionar ecos é uma missão divertida. Possuir todos não é requisito, mas aumentar suas capacidades é sempre gratificante.

                Entretanto, o jogo vai além da conjuração de ecos e uma quantidade vasta de conteúdo e possibilidades pode interessar grande parte dos jogadores. Existe uma mecânica de criar sucos especiais (são basicamente as poções deste jogo) onde você mistura matérias-primas encontradas (normalmente frutas e espólios de monstros) para criar uma variedade de sucos capazes de recuperar corações (PVs), energia, provocar um aumento de velocidade e conceder resistência a adversidades como o calor e frio. Tudo isso muito parecido com o que Breath of Wild já oferecia.

Existe uma variedade de acessórios que podem ser equipados na protagonista e que facilitam o processo de exploração. Exemplos clássicos como as Nadadeiras dos Zora, que te permite nadar mais rápido; o Anel do Sapo, que te permite saltar mais alto; o Broche de prata que aumenta a chance de os inimigos droparem rúpias (dinheiro do jogo) ou a Flor feérica que aumenta as chances de fadas aparecerem no seu caminho.


 

                Por fim, e não menos importante, existe uma barra de energia azul adquirida pouco mais tarde no jogo que permite que Zelda se transforme temporariamente em Link e junto com essa transformação ganhar a capacidade de usar a espada, o arco e bombas (elementos básicos quando jogamos com Link nos demais jogos do universo). Após consumida, a barra de energia é recuperada adquirindo pequenas machas de energia que vez ou outra são liberadas ao derrotar monstros ou apelar no uso de sucos especiais (melhor opção aqui). Durante a exploração, Zelda se deparará constantemente com itens denominados Cristais de poder, este são essenciais para evoluir o arsenal que ela terá acesso ao se transformar em Link (após colecionar uma boa quantidade você os leva até um local específico para que ocorra essa “forja de poder”)

Críticas ao sistema de ecos

                Apesar de não ter me enfadado de usar a mecânica de ecos em nenhum momento, existe uma opinião popular que acredita que com o tempo e o frequente uso desta, a mecânica se torna enfadonha. Mesmo com a capacidade de se transformar em Link, o mais comum é reservar a barra de energia para lidar com chefões ou inimigos mais complicados, sobrando à conjuração dos ecos a missão de confrontar a maioria dos inimigos ou abrir caminho para a exploração.

                Só posso afirmar que essa sensação varia de jogador para jogador, pois, na minha experiência, ficar testando diferentes ecos em oportunidades diferentes só conseguiu manter a minha curiosidade em alta (valendo a pena salientar que eu não sou o tipo de jogador que acha gratificante explorar 


 

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