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E se te pedissem para sugerir um jogo que qualquer um que tivesse a
oportunidade de jogar gostaria da experiência? Um jogo certeiro que animaria
qualquer jogador do início ao fim?
Sinceramente, poucos jogos me vêm
a mente quando penso sobre isso e, dessa estreita lista, o primeiro colocado é
Hi Fi Rush, da extinta Tango Gameworks. Um jogo que uniu a internet para
protestar contra sua descontinuação (e a própria demissão da empresa mesmo após
o sucesso da crítica e de reviews positivas dos jogadores) independentemente de
sua antiga exclusividade do console da Microsoft.
Hi
Fi Rush é um jogo com muito estilo que, ao mesmo tempo que qualquer jogador é
capaz de reconhecer as várias familiaridades com outros títulos hack’n slash ou
beat’em up contemporâneos, também não deixará de perceber a experiência
singular que é se divertir enquanto passeia por um cenário cheio de acústica e
ritmo, diferente de tudo que já se viu.
O
jogo acompanha Chai, um garoto que se autoproclama futuro astro do rock que,
logo no início do jogo, acidentalmente “cai” numa cirurgia experimental que
incrusta um MP4 (ou qual for o aparelho de música que seja) em seu peito e isso
lhe permite perceber o mundo ao seu redor de forma rítmica. Após isso, ele
imediatamente é rotulado como um “defeito” e perseguido pela corporação
responsável pela criação dessa tecnologia.
O jogo é repleto de cenas cômicas e exageradas |
Chai é aquele tipo de protagonista
teimoso (por muitas vezes ingênuo) que acredita no poder de controlar seu
próprio destino, com foco em seus objetivos por mais que eles sejam irreais e
distantes, mas que principalmente pelo seu carisma, é capaz de inspirar e liderar
um grupo de outros personagens para derrubar um sistema capitalista de
tecnologia que pretende controlar a mente e o gosto de todas as pessoas do
mundo para seus interesses. Ele mira em Marty McFly (do filme “De volta para o
futuro”) e acerta no Naruto (ou qualquer outro protagonista de anime que
carrega esse estereótipo).
Muita
coisa chama a atenção em Hi Fi Rush. Ele é praticamente um pacote de muitos
acertos: O cel shading exagerado, onomatopeico e colorido combina perfeitamente
com a proposta do jogo; as cenas de ação, a sensação de glória ao derrotar um
inimigo e vislumbrar um caleidoscópio de cores e um tumulto de sons deleitosos;
os personagens, suas motivações e suas participações dentro da jogabilidade e
nas cutscenes; porém, o maior triunfo foi a aposta de transformá-lo em um jogo
rítmico e tornar essa experiência realmente válida e prazerosa.
Para Chai, qualquer barulho
emitido pelas diversas máquinas e objetos espalhados pelo cenário, soam como parte
de um ritmo que ele mesmo pode acompanhar e finalizar. Para isso, ele usa como
arma uma guitarra, como um guerreiro usaria uma espada, e detona o maquinário
de robôs da Vandelay Technologies e os líderes dos setores de cada empresa até
chegar ao CEO, além de contar com um grupo de personagens que vão sendo recrutados
durante o jogo e compartilham do mesmo desejo de Chai em acabar com os planos
da empresa.
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Cores vibrantes combinam com a proposta de ação explosivas |
O
jogador, então, deve encontrar o ritmo das batidas do cenário para realizar
combos mais longos e danosos, além de adquirir pontos que contarão para a nota
de um ranking revelado no final de cada sequência de lutas (quanto mais acertos
de ritmo, maior será sua pontuação, um elemento comum em outros hack’n Slash,
como Devil May Cry, mas implementado de forma a esquecer da base repetitiva que
é esmagar o botão e realizar sequências cada vez mais catastróficas).
A trilha sonora, outro óbvio
grande acerto, possui canções licenciadas e são, na grande maioria, agitadas,
misturando o pop, o rap, o techno e o rock para desencadear o gosto de realizar
combos cada vez mais pretenciosos ao jogador.
Talvez o único ponto negativo a tocar é sobre a variedade de inimigos (em sua maioria robôs e máquinas com o mesmo “esboço”) que serão enfrentados várias e várias vezes, o que me parece bem como para o gênero, porém, esse fator é facilmente equilibrado com as lutas dos chefões que são longas, prazerosas e cheias de uma ação escandalosa que dá gosto de assistir o resultado.
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O elenco de Hi Fi é bastante carismático. |
Hi Fi Rush é aquele tipo de jogo que você finaliza com um sorriso bobo de contentamento no rosto ao assistir seu desfecho e imediatamente passa a sentir um sentimento inexplicável de saudade, pois vai se deparar com a despedida de uma experiência única que dificilmente será saciada em outros títulos do gênero.
Nota pessoal: 9/10
Duração: 12h+
% Repeteco: 80%
% Recomendação: 99%
Originalidade: incomum
Público: quem curte jogo com bastante ação; é um jogo para curar ressaca de jogatina;