Um Indie: Coccoon

 


                Não é fácil falar sobre o sentimento de amor e ódio, bastante particular, que tive jogando Coccoon. Este, que foi indicado a melhor jogo indie do ano em 2023, me chamou a atenção desde o primeiro momento que vi seu game design e conheci a sua premissa (além de ser influenciado pelas ideias do estúdio Geometric Interactive, que é o mesmo desenvolvedor de Limbo... que eu gosto bastante(!)).

                Coccoon é um jogo de quebra-cabeças onde você controla um tipo de inseto (uma vespa, provavelmente) que se desloca por planos de existência formados de superfícies flutuantes resolvendo puzzles para progredir seu caminho. O mais interessante nesse jogo é que esses “planos de existência” estão dentro de orbes compactas, que nossa protagonista é capaz de entrar e sair, carregar e depositar em lugares específicos para usar do ecossistema de cada mundo preso num orbe para resolver quebra-cabeças.

Assim, o jogo se resume a carregar esses orbes por caminhos cada vez mais tortuosos e usar de sua capacidade de entrar nesses mundos para alcançar o objetivo final. Coccoon não tem uma prévia em sua história, mas possui um desenrolar narrativo que é sentido principalmente nas últimas horas do jogo (aqui um alerta: o jogo tem em torno de 5h de gameplay, porém, dificilmente alguém, que não apele para detonados, conseguirá zerar pela primeira vez dentro desse tempo, eu precisei de quase o dobro para zerar) e apesar de serem gêneros e jogos diferentes, me lembrou o final de Hollow Knight (superficialmente falando).



                A dificuldade dos quebra-cabeças vai escalonando de forma esperada, mas confesso que sempre me dava uma frustração perceber com o que, de um ponto em diante do jogo, eu teria que lidar. Nossa vespa começa carregando apenas um mundo e no decorrer do jogo encontraremos mais quatro (!) e os puzzles necessitam do uso conjunto destes mundos presos em orbes para avançar, sendo que, quanto maior a quantidade de orbes, maior a dificuldade na linha de raciocínio. Se isso já parece difícil de conceber, imagine quando descobrimos que é possível enfiar orbes dentro de outras orbes (um mundo dentro do outro!).

O jogo não possui encontros aleatórios (os mundos são vazios de vida, mas recheados de mecânica), entretanto existem chefões que vão exigir maior controle de jogabilidade e vão equilibrar a recorrência de puzzles. Essas lutas são mais baseadas em movimentos precisos e o timing certo para realizar o exigido. Em meio à quietude de Coccoon, os chefões provocam uma sensação repentina de ação e épico. 

A felicidade e a tristeza de encontrar mais um orbe kkk
 

Muitas vezes pensei em desistir (para alguém que tem poucas horas de jogatina livre durante a semana, ficar enganchado em um jogo durante uma hora é pura frustração), mas me apeguei ao fato de que os jogos desse estúdio tendem a ser curtos.

                Ao zerar Coccoon, ainda assistindo as cenas finais, reconheci que foi uma decisão muito recompensadora ao mesmo tempo que dava suspiros de alívio (risos nervosos). Absorvi o jogo inteiro, me deu uma ressaca player (um pequeno hiato de quase uma semana que me fez querer ficar ausente de videogame por esse período) e, provavelmente vai influenciar em minhas próximas decisões relacionadas à jogos do gênero puzzle.

                Apesar da minha, já dita, PARTICULAR sensação ao jogar Coccoon, é impossível não reconhecer que este é um jogo que beira a uma obra-prima do gênero, uma pérola difícil de ser encontrada no mundo dos games e que, ainda que nichado, riscou premiações em sua área. 


 

O jogo em si é belíssimo e seu final é mágico e inesquecível, mas acredito que vai agradar poucos. Aconselho pegar Coccoon quando você tiver mais tempo livre e esfriar sua cabeça quando se ver realmente enganchado (espairecer com outras atividades: várias vezes pausei o jogo, fui fazer outra coisa e voltei com a mente estabilizada para os contínuos quebra-cabeça). Vale a pena salientar que a experiência de cada player é genuína e que, diferente de mim, obviamente, haverá jogadores mais acostumados ao gênero que vão se refestelar no proposto.

Nota pessoal: 8/10
Duração: 5h++++++++++
% Repeteco: 30%  
% Recomendação: 60%
Originalidade: rara
Público: obrigatório para que curte puzzles e está familiar à jogos como Limbo e Inside.

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