Alan Wake 2 continua a história de seu antecessor colocando o romancista best-seller Alan Wake (personagem claramente inspirado em Stephen King, escritor de It: A coisa, O Iluminado, Cemitério Maldito) 13 anos após o desfecho do primeiro jogo, preso numa dimensão na qual ele tenta escapar escrevendo uma história de terror envolvendo uma nova personagem: Saga Anderson (alô anti-wokes), uma policial decidida a investigar um caso de aspecto sobrenatural que em algum momento a leva ao caso do desaparecimento de Alan Wake.
Diferente do primeiro jogo, apesar de existirem momentos de ação contínua especialmente nos instantes em que controlamos Saga Anderson, os casos repetitivos de enfrentamento das sombras torna-se menos frequente (ou, pelos menos, mais opcionais) e, no lugar desses, temos embates mais longos (muitas vezes facilitado por bugs que fazem inimigos ficarem presos em obstáculos, diga-se de passagem).
A principal mudança em destaque é o “Mind Place”, o “espaço mental” projetado de forma física na tela e que pode ser visitado constantemente para reforçar a investigação, onde Saga (nome bem sugestivo, aliás, sem spoiler) reúne informações e destaca fotos e acontecimentos num mural tecendo uma planilha de casos que ajudarão a dar o próximo passo na história. Esse sistema, inclusive, é a maior inovação do jogo e um jogador mais paranoico vai perder bastante tempo analisando fotos e fatos.
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O "lugar mental" de Saga Anderson ajuda a organizar as informações da investigação e pode ser visitado pressionado um botão.. |
Outra parada bem interessante foi a escolha cinemática. O jogo alterna entre o ambiente 3D e cenas filmadas com atores reais, dando espaço até para um show de rock propositalmente confuso colocado ali de forma lúdica para contar vestígios da narrativa (ouvir Herald of Darkness, da banda fictícia Old Gods of Asgard, cantada por um Odin e Thor no maior estilo Deuses Americanos, do Neil Gaiman).
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Momentos propositalmente hilários se tornaram a cereja do bolo desse jogo. |
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O jogo alterna entre o 3D e personagens reais de uma forma que não causa estranhezas e ainda cria ansiedade para acompanhar os próximos trechos da história. | |
Alan Wake 2 tem uma ótima narrativa (bem superior ao primeiro jogo), esta é, inclusive a sua principal qualidade: esse jogo existe para contar uma história e, embora a jogabilidade, de fato, não deva ser um problema para maioria, o jogo nos surpreende com a forma que seus roteiristas escolheram para explicar o caso de forma fascinante, abordando memórias, entrevistas, música(!), mitologia e montando um quebra-cabeça recompensador (um mal tato nesse aspecto estragaria o jogo completamente).
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A luz continua sendo um elemento importante em Alan Wake 2. Ela não só permite fragilizar as sombras para então matá-las, como também é capaz de encontrar segredos espalhados no mapa. |
O quanto é necessário ter finalizado o primeiro jogo?
Nada impede começar e finalizar Alan Wake 2 sem ter jogado o prévio, porém, ao menos saber sobre a história do primeiro jogo (lançado em 2010, já com uma jogabilidade um pouco cansada, mas que ainda assim diverte, especialmente se você der uma chance de horas) te fará um jogador mais engajado na narrativa e, uma vez que este jogo prioriza a história, isso se torna ainda mais vital, afinal, resgatamos neste aqui alguns dramas, como o desaparecimento da esposa de Alan Wake (não é spoiler, este é simplesmente o início do primeiro jogo).
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O primeiro Alan Wake tende a ter mais ação e confrontos com "monstros aleatórios" mais frequente. Existe um remake para novas plataformas. |
O primeiro Alan Wake tem cerca de 10h e meia de jogatina. Lembro-me de ter bastante cenas memoráveis, algumas repetições indesejadas, mas é um game mais reto e rápido, direto ao ponto, diferente do Alan Wake 2 que, provavelmente, vai te enganchar em alguns momentos (particularmente uma parte no controle do Alan num tipo de parque assombrado).
O universo da Remedy Studios
Junto à Alan Wake, a Remedy Studios também é responsável pela criação da série de jogos Control, onde conhecemos Jesse Faden, a protagonista, diretora da FBC (Federal Bureau of Control) e a única sobrevivente de um Evento do Mundo Alterado (AWE) que são elementos que mais tarde vêm a se chocar com o universo de Alan Wake (de fato, Jesse passa a ser uma personagem secundária e jogável na DLC do segundo episódio de Alan Wake 2). Aqui descobrimos as conexões entre as duas séries de jogos e a pretensão de expandir essa jornada da criação de um mundo paranormal.Durante a jogatina de Alan Wake 2, é possível encontrar documentos oficiais que classificam Bright Falls (o local onde o jogo se passa) como um AWE (Altered World Event ou Evento Mundial Alterado) e a FBC o aponta como desaparecido, dando continuidade a investigação dos eventos paranormais.
Nos resta aguardar os próximos
jogos que farão parte desta saga. Com infelicidade confirmo que Max Payne não será (apesar de ser um jogo da mesma produtora) devido à conflitos de direito.
Nota pessoal: 8.0
Duração: 20h+
% Repeteco: 20%
% Recomendação: 80%
Originalidade: rara
Público: jogadores de horror survival, apreciadores de narrativas
profundas, quem desejar um jogo atípico.